Cannabis x Maconha: Qual a diferença?
Maconha e cannabis são diferentes? Uma é remédio e a outra não? Ambos os termos são utilizados para fazer referência ao assunto, porém, a escolha de um ou outro determina a condução da informação, a recepção e interpretação; além de ser uma crescente polêmica acerca do preconceito em relação ao tema
Diversos estudos já nos possibilitam tomar ciência de que a maconha está presente na humanidade há milhares de anos. Na Ásia, foram encontrados registros de mais de 2.500 anos demonstrando o uso da planta de forma recreativa, a utilização da fibra do cânhamo (há mais de 3.500 anos) e de sua semente como alimento, além da extração de óleos e do próprio uso medicinal. Em antigas escrituras hindus, encontra-se a cannabis como composição da medicina Ayurvédica. Pergaminhos egipicios grafados por volta de 1.500 a.C. carregam receitas utilizando a planta como tratamento para inúmeras condições de saúde. Com isso, vemos que a cannabis sempre fez parte do desenvolvimento de diversas sociedades, de forma natural, assim como outras plantas medicinais, mas esse cenário mudou e, hoje, a maconha está cercada de uma grande e sólida polêmica.
O processo de criminalização da cannabis, a introdução desta em comparativos à drogas altamente nocivas e a associação equivocada do uso com aspectos negativos de comportamentos, resulta na dura discriminação que observamos atualmente. A reviravolta na visão da humanidade provém de questões ideológicas, sociais e raciais.O assunto merece um artigo inteiro para si, mas às bordas desse oceano de rejeições, encontra-se um tópico pouco discutido e que, provavelmente, não é notado por muitos: Há diferença entre os termos maconha e cannabis?
A resposta é simples: Não! Não existe diferença, estamos falando exatamente da mesma coisa! Mas o que isso tem a ver com o tabu a respeito do assunto? Vamos então à análise deste detalhe camuflado em todo o contexto.
O nome científico da planta é Cannabis Sativa, uma herbácea da família das Canabiáceas. Divide-se popularmente em cânhamo e maconha (nota-se que as duas palavras são formadas, exatamente, pelas mesmas letras), diferenciando-se pelo canabinóide psicoativo, o THC (Tetrahidrocanabinol). Encontra-se menos de 0,3% de THC no cânhamo, que é uma subespécie da cannabis sativa destinada à fabricação de tecido, papel, cervejas, óleos, resinas e combustíveis e sua semente é um alimento de grande valor nutricional.
A maconha, por sua vez, carrega grande concentração de canabinóides (CBD, THC, entre outros) e por meio dela, obtém-se a maior parte das extrações que possibilitam a produção de medicamentos e produtos terapêuticos para o tratamento de uma vasta gama de doenças.
A aplicação medicinal do THC compreende grande potencial no tratamento de acometimentos como glaucoma, inflamações, estimulador de apetite e compõe cuidados paliativos em pacientes com câncer. Os efeitos psicoativos permitem o uso adulto e recreativo, o que desencadeou a segregação e depreciação do termo maconha.Em veículos de comunicação, por exemplo, a cannabis é usada para designar fins medicinais e, maconha, quando noticia-se episódios de cunho criminal.
Em linguagem popular, diversos termos pejorativos são atribuídos aos adeptos do uso adulto, justamente pela ideia deturpada dos efeitos da substância que, constantemente, é referenciada às classes mais excluídas da sociedades e à grupos que vivenciam experiências ligadas à liberdade, desconstrução e contrariedade aos modelos tradicionais.
A rotulação e intolerância ofusca e dificulta a difusão de informação sobre os benefícios e emprego da maconha na medicina, além das constantes controvérsias que ressurgem em relação a legalização e ao avanço das pesquisas, inibindo o desenvolvimento de um mercado promissor, tanto para a economia, quanto pela grande contribuição à uma nova abordagem da saúde e bem-estar da humanidade. O grande muro do preconceito pode ser derrubado via corrente de informações honestas e responsáveis!