Cannabis e enxaqueca

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a enxaqueca é a sexta doença mais incapacitante do mundo. Ela afeta 30 milhões de brasileiros, sendo que as mulheres representam 85% desse total. Caracterizada por uma dor de cabeça unilateral, pulsátil e com intensidade moderada a grave, a enxaqueca tende a piorar ao longo das atividades rotineiras.

Frequentemente desafiador, o tratamento para a doença inspira uma série de cuidados prescritivos e às vezes ineficazes. De acordo com um relatório publicado pela Neurology Today em 2020, até 60% das pessoas não conseguem encontrar alívio adequado ou consistente, mesmo com a disponibilidade de medicamentos mais novos e direcionados. É nesse cenário que a cannabis medicinal tem se destacado como uma alternativa terapêutica promissora para quem sofre com as crises de enxaqueca.

Uma alternativa eficaz

A ligação entre cannabis medicinal e enxaqueca não é nova, já que ela tem uma longa história de uso no tratamento de fortes dores de cabeça, com uma das primeiras menções a ela datando do segundo milênio a.C. As pesquisas indicam que o sistema endocanabinoide pode interagir com vários processos envolvidos na doença, sendo que tanto o CBD (canabidiol) como o THC (tetrahidrocanabinol) têm se mostrado promissores, principalmente quando combinados.

De acordo com o médico André Freitas Cavallini, especialista em cannabis medicinal, que atua no tratamento de pacientes com a doença na Clínica Gravital, especializada na terapia canabinoide, não é de se admirar que o interesse em terapias complementares à base de ervas e plantas, esteja crescendo.

“Estudos observacionais mostraram consistentemente os benefícios da cannabis medicinal para pessoas com enxaqueca, incluindo a redução da gravidade da enxaqueca ou frequência mensal, evidenciando, também, que drogas farmacêuticas ineficazes podem ser substituídas com segurança pela cannabis”, diz ele.

Em tratamento

É o caso do pensionista Benedito Marcelo Martins dos Santos, morador de Ribeirão Branco, interior de São Paulo. Ele, hoje paciente do dr. André, procurou tratamento com cannabis devido às fortes dores na cabeça que o acompanhavam desde 1999, depois de uma cirurgia cerebral decorrente de um acidente. “Já usei os mais diversos tipos de medicamentos, dos mais fracos até os mais fortes, como morfina”, relata.

Benedito afirma que foi somente no ano passado que ele enfim pôde sentir uma melhora em suas dores, depois que o canabidiol começou a fazer efeito. “Voltou meu ânimo para poder sair de casa, coisa que praticamente no ano passado não fiz, período em que minha dor chegou ao máximo. Hoje me encontro muito bem. Alguns dias tenho dor, mas não chega nem a um terço do que tive durante anos”.

O paciente explica também que passou por dores muito fortes que o impedia, por vezes, de deitar a noite. “Rezava para que amanhecesse o dia. Só quem teve ou tem dor crônica sabe do que estou falando. Só tenho a agradecer ao canabidiol e ao profissional responsável que encontrei”, finaliza Benedito.

Sechat

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