Pedro Sabaciauskis: Quando o agro descobrir o potencial do cânhamo, o milho e a soja ficarão em 2º plano
Crescimento rápido e resistência às condições climáticas desfavoráveis, são algumas características que diferenciam o cânhamo de outras espécies. A versatilidade da planta da família da cannabis amplia o seu aproveitamento na indústria, como alimentação, ração animal, material para construção e remédio, por exemplo. Além disso, a matéria-prima também pode ser usada na fabricação de cordas e velas. Nem todo mundo sabe, mas antes que o algodão dominasse a indústria no século 19, o cânhamo ocupava esse protagonismo.
Mas essa realidade vem mudando. E, aos poucos, o cânhamo está retomando uma participação importante na indústria. Na opinião do fundador da Associação Santa Cannabis (SC), Pedro Sabaciauskis, palestrante confirmado para o Congresso Brasileiro de Cannabis Medicinal 2023, o dia em que o agro descobrir o poder do cânhamo, o milho e a soja vão ficar em segundo plano. A ideia de baseia em três pilares: apoio do governo, investimento e coragem das empresas do setor para quebrar a barreira que impede o desenvolvimento do cânhamo no país.
“Para isso acontecer, o governo precisa dar instrumentos e fomentar essa mudança de matriz. O hempconcrete (concreto feito de maconha), tem um potencial gigante para a construção civil, mas para isso será preciso arriscar para mudar o modelo construído em cima de cimento, areia e tijolo, por exemplo”, afirmou.
No entendo, Sabaciauskis vez um contraponto, ao apontar que muitas empresas não estariam dispostas a assumir o risco sem o apoio governamental.
“Para mudar a matriz é necessário ter investimento. E esse investimento precisa vir do governo. Porque, pelo perfil das empresas, elas não vão querer correr risco. Isso serve para a fabricação de linho, fibras, plantação de cânhamo para desmineralizar o solo, ou seja, limpar o solo. Por isso, nada melhor do que plantar cânhamo na entressafra da soja para limpar o solo e aproveitar o que sobra. Seja linho, hemp concrete ou semente que tem muita proteína”, argumentou.
O cânhamo no mundo
De acordo com Clara Norell, fundadora da Svensk Hampaindustri, empresa Sueca, a espécie canábica está menos esquecida e, já se pode afirmar, que o cânhamo está de volta ao grande jogo e cheio de oportunidades.
Esse contato com a cultura daquela população ajudou a mudar radicalmente sua vida.
Segundo ela, em todo o mundo, o cânhamo está se tornando cada vez mais popular e é usado tanto na produção de roupas quanto na produção de alimentos e plástico.
“O cânhamo não é apenas um material de construção bom e acessível, mas também extremamente ecológico. Se você cultivar um hectare de cânhamo, ele absorve 20 toneladas de dióxido de carbono da atmosfera. Isso é quase cinco vezes mais do que se você estivesse cultivando uma floresta na mesma área. E quando construído com cânhamo, o material continua a sequestrar dióxido de carbono, de modo que as casas se tornam sumidouros de carbono. Portanto, para a agricultura sueca, o cânhamo pode ser um sumidouro de carbono eficaz, o que tem um efeito positivo no clima. Além disso, a cultura requer irrigação mínima e é cultivada completamente sem pesticidas”, concluiu.