Estudo: uso adulto da cannabis está ligado ao aumento de casos de insônia

Um estudo recente publicado na revista científica Psychiatry Research, encontrou uma alta associação entre o uso adulto da cannabis, popularmente conhecida como maconha, com o aumento dos níveis de insônia entre os jovens.

A pesquisa observou estudantes universitários franceses, destacando que 45% das queixas de insônia estavam relacionadas com o uso adulto da cannabis, chegando a ser duas vezes mais frequentes entre aqueles que faziam consumo diário.

Segundo os pesquisadores do Centro de Pesquisa em Saúde da População, da Universidade de Bordeaux, e do Centro de Pesquisa em Epidemiologia e Estatística, da Universidade Paris Cité, ambos na França, embora ilegal no país, o consumo da cannabis é comum entre jovens adultos, citando estimativas recentes que apontam que 13,9% usam mensalmente, e 4%, todos os dias.

Metodologia 

A avaliação no impacto que a cannabis pode causar no sono foi realizada em mais de 14 mil estudantes participantes do i-Share – programa de recrutamento de alunos das Universidades de Bordeaux, Versailles e Nice – que funciona desde 2013 e é utilizado para observar a saúde dos jovens franceses.

Os estudantes foram divididos em quatro grupos distintos:

1º grupo – Não consumidores de cannabis (73,6%);

2º grupo – Os que consumiam a substância mensalmente (20,5%);

3º grupo – Frequência de uso semanal (4,4%)

4º grupo – Consumidores diários (1,5%)

Desse modo, os pesquisadores puderam observar que, no geral, 22,7% de todos os estudantes sofriam de insônia (três a cada dez). Já entre os participantes da pesquisa, o aumento dos riscos de sofrer com o distúrbio aumentou simultaneamente ao uso da cannabis, isto é, entre os usuários diários, o número subiu para 41% (quatro  em cada dez).

Conclusão

“Nesta grande amostra de estudantes universitários, descobrimos que a probabilidade de ter insônia era 45% maior em usuários de cannabis em comparação com não usuários.

Os aumentos aumentaram de forma constante com a frequência de uso, atingindo uma probabilidade duas vezes maior de insônia em usuários diários em comparação com usuários nunca/raramente”, resumem os pesquisadores no estudo.

Eles destacam que esse risco elevado foi constatado “após ajuste para características sociodemográficas e comportamentais de saúde”, e que foi observado “independentemente do histórico de ansiedade ou depressão”. O ponto é importante, uma vez que transtornos de saúde mental são diagnosticados com forte associação a quadros de insônia.

Porém, eles não influenciaram os resultados, já que a maior probabilidade de se queixar de insônia entre os usuários de cannabis foi vista mesmo entre aqueles que não tinham problemas de saúde mental.

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