Saiba como a UFRN está desenvolvendo um sólido programa de pesquisa sobre Cannabis numa fase pré-clínica

Claudio Queiroz é neurocientista e chefe do Laboratório de Redes Neurais e Epilepsia do Instituto do Cérebro (ICe) e está no desenvolvimento das novas pesquisas com a planta na UFRN. Segundo o pesquisador, o objetivo é encontrar uma melhor estratégia terapêutica para as epilepsias refratárias.

O Instituto Cérebro é um polo acadêmico da UFRN especializado na área de neurociências e até o momento pioneiro na universidade a prosseguir com pesquisas para o desenvolvimento da planta.

Em dezembro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)  autorizou a universidade a ter o cultivo controlado e o processamento da cannabis para fins de pesquisa científica.

A decisão

Por meio dessa decisão, a instituição pode desenvolver materiais para a produção e diversidade de fitocanabinoides em diferentes cepas de cannabis, além de testar os efeitos de distintos fitocomplexos no manejo de sinais e sintomas patológicos por meio da utilização de modelos animais. De acordo com Queiroz, agora, isso tudo é feito sem depender da importação de insumos provenientes de outros países.

O programa de pesquisa permite que sejam dominadas as etapas de produção e validação de fitocomplexos e seus efeitos em crises induzidas e espontâneas.

Segundo o neurocientista, isso abre portas para um crescimento da terapia com canabidiol no país. “A UFRN poderá dar início a um sólido programa de pesquisa sobre a cannabis para fins terapêuticos em fase pré-clínica, contribuindo com o desenvolvimento científico, social e econômico”, disse o professor do ICe.

Como será a pesquisa?

A pesquisa vai percorrer três etapas. Inicialmente, será dominado os parâmetros necessários para a germinação, crescimento e amadurecimento de plantas com diferentes genéticas. Depois, será necessário compreender a diversidade de fitocanabinoides e sua estabilidade ao longo das diferentes fases da planta. E por fim, buscar comparar os efeitos anticrise de fitocanabinoides administrados isoladamente com os de fitocomplexos, soluções com diversos fitocanabinoides.

“A hipótese é avaliar a existência de efeitos sinérgicos entre os fitocanabinoides no controle da excitabilidade neuronal”, ponderou o pesquisador.

As universidades no papel para quebra de preconceitos

O marco atribuído à UFRN possibilita que novos grupos possam obter licenças especiais para suas pesquisas e responder cada vez mais perguntas da área, contribuindo para a diminuição do estigma associado à planta com conhecimento científico.

“Por meio da decisão histórica da Anvisa, a sociedade brasileira pode ver que é possível desenvolver pesquisa com cannabis, em solo nacional, com segurança, rastreabilidade e responsabilidade”, afirmou Cláudio Queiroz.

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