Câncer de mama: como a terapia canabinoide pode ser uma aliada
Pesquisa do Instituto Nacional do Câncer (INCA), mostra que milhares de mulheres são diagnosticadas com câncer de mama todos anos no país. Contudo, diversos estudos demonstram que o tratamento com os derivados da cannabis vem apresentando resultados promissores no controle dos sintomas e no alívio dos efeitos adversos da químio e radioterapia, comumente utilizadas para o combate à doença.
Tal relação, segundo alguns especialistas, se dá por conta do potencial antitumoral dos derivados da cannabis enquanto terapia adjuvante, isto é, quando um medicamento reforça a ação do outro, neste caso, de forma benéfica.
“O câncer, em especial o de mama, apresenta uma importante prevalência na população brasileira. Contudo, evidências científicas demonstram que o uso medicinal da cannabis pode melhorar a qualidade de vida, humor, sono e ansiedade de pacientes que convivem com a doença”, reforça o médico radiologista e prescritor de cannabis, Raphael Xenofonte.
O especialista destaca ainda que países como Israel, encontram-se à frente no quesito saúde, pois a prescrição de produtos à base de cannabis, incluindo a forma vaporizada, já é uma realidade por lá para o controle da dor, náusea, vômito e caquexia – perda de tecido adiposo e músculo ósseo.
Um estudo publicado no Journal of Clinical Oncology (2020), denominado “Uma pesquisa sobre o uso de cannabis para paliação de sintomas em pacientes com câncer de mama por idade e estágio”, revelou que dos 612 pacientes observados, isto é, 84% dos que completaram a pesquisa, 85% eram portadores da doença em estágio de metástase e estavam acima dos 57 anos, concluindo que pacientes mais velhos tendem a fazer uso da terapia canabinoide para controle dos sintomas.
Os usuários de cannabis medicinal relataram o uso dos compostos para tratar insônia (70%), dores articulares e musculares, desconforto, rigidez ou dor (59%), ansiedade (57%) e estresse (51%). Entretanto, os pesquisadores afirmam que são necessários mais estudos para que haja uma conclusão robusta sobre o tema.Para Xenofonte, que também é paciente, médico e proprietário da Clínica Nova, primeira do estado do Ceará focada na terapia canabinoide, existe ainda um receio da classe médica quanto às terapias com a cannabis. “Ainda existe um desconhecimento por parte da classe médica mais catedrática em relação ao usos da cannabis para pacientes paliativos/oncológicos, no entanto, acredito que no futuro estaremos utilizando esses compostos para tratar não só do câncer de mama, mas de diversas outras patologias”, conclui.