Cannabis medicinal é um direito do brasileiro

Maternar é um exercício de amor e de coragem. Natália Godoy, mãe do pequeno Don, 4 anos, sabe o que é isso. Seu filho foi diagnóstico no espectro do autismo e já passou por dias difíceis. Noites piores.

Don tinha crises noturnas severas – e quando falta o óleo de cannabis as noites ainda são desafiadoras. Ele chora muito e não consegue dormir. Antes de iniciar o tratamento com a cannabis, também tinha problemas para se alimentar e socializar. Mesmo com a família, o contato visual era quase inexistente. Qualidade de vida era algo que parecia distante da realidade – até conhecer a cannabis medicinal e os rumos mudarem.

Há dois anos a mãe de Don iniciou a terapia com a planta. Os resultados do canabidiol são impactantes. Além de permitir que Don finalmente alcançasse o básico de todo ser humano – dormir e se alimentar -, o remédio trouxe algo que não se mensura: esperança.

“Não podemos permitir que o preconceito faça com que o meu filho, e cinco milhões de brasileiros que fazem uso diariamente da cannabis no Brasil, sejam impedidos de ter acesso à saúde”, conta.

Como paciente e usuária de cannabis medicinal, sei muito bem o que é isso. Não fossem os medicamentos à base dessa planta, eu estaria triste, cheia de movimentos involuntários, com dor no corpo e na alma. Não conseguiria sequer sentar numa cadeira de rodas.

É assim que remédios fabricados com CBD e THC tratam muitos pacientes com epilepsia, Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla, artrite, autismo, dores crônicas, cânceres raros, ansiedade e muitas outras doenças.

Para se ter uma ideia dessa demanda no Brasil, só no ano passado foram importados 70 mil medicamentos à base de cannabis, com CBD e THC, todos autorizados pela Anvisa.

Não por acaso, uma pesquisa de opinião do Instituto DataSenado, realizada em 2019, apurou que 79% da população é favorável à distribuição gratuita da cannabis medicinal pelo SUS. Muita gente, como lembra nossa “mãe canábica” Natália, precisa desse remédio para ter o mínimo de qualidade de vida.

Vale lembrar que já importamos a cannabis medicinal desde 2015. Contudo, infelizmente, o brasileiro pobre ainda não consegue acessar esses medicamentos. Uma realidade que caminha contra o que o restante do mundo vem fazendo. Cerca de 50 países já regulamentaram a cannabis medicinal. E nós estamos ficando para trás.

Já está mais que comprovado que a Cannabis medicinal veio para dar respostas aos novos desafios da Medicina e também da Economia.

De acordo com uma publicação no portal Businesswire, os analistas projetam que o mercado global chegará a US$ 42,7 bilhões em 2024. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Cannabis (Abicann), estima-se que a indústria possa atrair até US$ 30 bilhões e gerar 300 mil empregos dentro de 10 anos, sendo que US$ 15 bilhões estariam concentrados na área medicinal.

Só não enxerga esse cenário quem não se importa com a dor do outro. Evidências científicas não faltam. Falta empatia e compromisso com a saúde pública.

Não é com a importação de medicamentos a preços inviáveis que vamos garantir tratamento a todos os brasileiros. A porta que deve ser aberta é a do SUS. É ali que o brasileiro deve acessar a cannabis medicinal, de forma segura e controlada.

Como vice da Simone Tebet, numa chapa histórica à presidência da República, lutaremos por saúde e qualidade de vida a todos os brasileiros que precisam desse remédio, porque viver sem dor é, sobretudo, um direito humano. Permitir que a cannabis medicinal seja privilégio de ricos é criar na sociedade uma espécie de racismo de acesso, onde o pobre sempre fica para escanteio, sem remédio, sem qualidade de vida e sem saúde.

Sechat

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