A cannabis no desempenho atlético
A Agência Mundial Antidoping decidiu, a partir de 2018, excluir o canabidiol (CBD) da lista de substâncias proibidas, abrindo as portas para o uso medicinal no esporte. Já o THC (Tetrahidrocanabinol), princípio psicoativo da cannabis, ainda está entre as proibições da AMA. O CBD não atua como um potenciador do desempenho físico, não representa um risco para a saúde e não é psicoativo. Obtido por meio da extração da flor feminina da maconha, o composto tem uma longa lista de efeitos benéficos.
As Olimpíadas de Tóquio, foi a primeira em que os atletas puderam competir utilizando o canabidiol tranquilamente. De fato, existem vários atletas de renome mundial que utilizam a terapia canabinoide como tratamento para dor ou inflamação no processo de recuperação.
Esportes de contato e resistência como a UFC, a maior empresa de artes marciais mistas do mundo, tem suas principais figuras ligadas à cannabis. Mike Tyson, por exemplo, além de ser fumante, abriu um rancho de oito hectares na Califórnia para cultivar seu próprio negócio.
Pesquisa da Kaya Mind, empresa brasileira especializada em dados e inteligência de mercado no segmento da cannabis, estima que mais de 827 mil atletas seriam potenciais usuários de produtos à base de cannabis no Brasil para o tratamento médico (61 mil atletas profissionais, 427 mil amadores e 339 mil eventuais). Os dados foram divulgados no relatório da startup intitulado “Cannabis e Esportes”, que traz informações inéditas sobre o potencial medicinal, econômico e social da terapia canabinoide no âmbito esportivo.
Os atletas brasileiros que usam cannabis
Muitos atletas afirmam que a cannabis os ajuda a combater a dor após longos dias de treinamento. Também pode servir para diminuir o estresse nos momentos mais difíceis dos torneios ou ajudá-los a relaxar ao terminarem uma competição de alto rendimento.
A lutadora Lívia Souza que competirá nas olimpíadas de 2024, o lutador Maguila, primeiro brasileiro campeão mundial dos pesos-pesados do boxe de 1995, John Teixeira e Raoni Barcelos (nosso convidado para a live), são alguns nomes que usam a planta.
Maguila
José Adilson Rodrigues dos Santos, mais conhecido como Maguila, é um ex-boxeador repetidas vezes campeão brasileiro e sul-americano na categoria peso pesado, campeão das Américas (pelo Conselho Mundial de Boxe) e mundial (pela Federação Mundial de Boxe Profissional). Recebeu a alcunha “Maguila” por semelhança ao porte físico do personagem Magilla Gorilla, da Hanna-Barbera.
Há anos o ex-esportista de 62 anos enfrenta a doença Encefalopatia Traumática Crônica, resultado de quase 20 anos de dedicação ao boxe, com sinais como a dificuldade da fala e motora, alteração de humor e comportamento. Com acompanhamento médico especializado, Maguila e sua família agora celebram os bons resultados do tratamento alternativo com canabidiol.
Lívia Souza
A brasileira de Araraquara (SP) de MMA compete no UFC, na divisão peso-palha (até 52kg). É considerada uma das melhores lutadoras da categoria do mundo fora. Ativista pela liberação do uso da maconha no país, Lívia Souza defende os tratamentos e do uso recreativo da Cannabis mais enfaticamente desde março de 2020.
John Teixeira
John Teixeira da Conceição, mais conhecido por John Macapá, é um lutador brasileiro de artes marciais mistas na categoria peso pena do Bellator. Competidor profissional desde 2007, Teixeira já participou do Ultimate Fighting Championship e do The Ultimate Fighter Brasil. O lutador já declarou apoio à bandeira da terapia canabinoide e tenta patrocínio de empresas que produzem o extrato de cannabis.
Raoni Barcelos
Raoni Barcelos, carioca de 35 anos, foi cinco vezes campeão brasileiro de wrestling e três vezes campeão peso pena da Resurrection Fighting Alliance no MMA. Em 2017, entrou no UFC na categoria Galo. Barcelos já relatou que há algum tempo utiliza a terapia canabinoide para tratar as consequências de vivenciar um esporte intenso que exige desgaste físico e psicológico.