6 questões frequentes sobre o tratamento com cannabis

O tratamento medicinal com cannabis ainda é um assunto que causa muitas dúvidas. Depois de uma pesquisa com médicos e especialistas, conseguimos destacar as seis principais dúvidas sobre o assunto.

O uso de cannabis medicinal cresceu durante a pandemia. Para se ter uma ideia, o número de importações desses produtos passou de 8.522 em 2019, para 19.120 em 2020.

Já em 2021, o número chegou a 33.793. No ano de 2022, a procura deverá crescer mais ainda. Dados oficiais da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).

Por conta disso, as dúvidas também aumentaram com relação ao tratamento com a cannabis. Vamos lá!

1. É preciso ser rigoroso com os horários de tomar remédio? 

A rigorosidade vai depender do tratamento do paciente. É um tratamento para insônia? Então é bom que se tome cerca de duas horas antes de dormir.

Tratamento para questões alimentares? É bom que se tome um tempo antes de comer. Assim, a rigorosidade passa muito pelo tratamento em si. Aquela coisa de oito em oito horas não faz parte da maioria dos casos.

2. É necessário tomar os medicamentos em jejum? 

Não é necessário que se tome os medicamentos em jejum. Por ser sublingual e ir direto pra corrente sanguínea por meio dos vasos debaixo da língua, o sistema digestivo não faz parte do processo.

Além do mais, a gordura dos alimentos auxilia na absorção do óleo.

3. O tratamento com a cannabis pode causar algum efeito colateral?

Claro que depende do organismo de cada um, do tratamento de cada um, da dose que cada um toma. Mas os efeitos causados pelo uso do canabidiol (CBD) são poucos e fracos. Sonolência e diarreia são os mais comuns.

Não existe nenhum efeito colateral mais forte que possa prejudicar de fato o paciente. Isso no caso do CBD.

Com relação ao uso de THC (tetrahidrocanabinol), os efeitos colaterais podem ser maiores. Ele é a principal substância da maconha, por isso, pode causar efeitos alucinógenos.

Remédios com potências maiores do canabinoide podem resultar também em tontura, boca seca, ansiedade, alteração da cognição e problemas de memória.

4. Para quem usa a maconha de forma recreativa, é possível usar os dois ao mesmo tempo? 

É preciso destacar alguns pontos.

Primeiramente, é necessário alertar o médico que está cuidando do caso sobre o uso recreativo de cannabis antes de começar o tratamento. Ele precisa ficar a par de tudo.

Dependendo do caso, o médico poderá indicar uma dose menor pelo fato do paciente já usar uma “dose” de cannabis de outra maneira.

Ou até indicar uma dose maior, por conta do organismo do paciente já estar “acostumado” com a cannabis.

É comum pessoas que fazem o uso recreativo da cannabis diminuírem o uso quando tomam o CBD. 

5. O tratamento com cannabis afeta o processo de fertilidade? 

De acordo com uma revisão dos estudos existentes realizada em 2019, a fertilidade feminina pode ser reduzida por conta do uso de cannabis. O hormônio liberador de gonadotrofina é interrompido, o que reduz a produção de estrogênio e progesterona.

As mulheres que consomem cannabis, dependendo da dose, também podem apresentar comprometimento na função ovariana e uma diminuição no hormônio reprodutivo crítico, o estradiol.

“Não recomendo o uso de cannabis para mulheres que estão ativamente tentando engravidar e/ou manter uma gravidez, exceto quando o benefício da terapia com cannabis supera em muito o risco de fertilidade prejudicada”, explicou Patrícia Frye, diretora da Society of Cannabis Clinicians.

6. Posso misturar CBD e álcool?

Algumas pessoas desfrutam dos efeitos suaves, enquanto outras experimentam resultados mais fortes, que geralmente é mais difícil de controlar do que um simples momento de embriaguez.

Quando se trata de CBD e álcool, não há muitos dados disponíveis, ainda que existam alguns fabricantes nos Estado Unidos fazendo bebidas alcoólicas embaladas com infusão de canabidiol.

Entre os poucos estudos realizados, alguns especialistas têm como teoria que o álcool e esse composto da cannabis poderiam maximizar os efeitos um do outro, tanto para melhor quanto para pior.

Pesquisas publicadas na  Psicofarmacologia Experimental e Clínica acreditam que o CBD pode ajudar a diminuir alguns dos danos causados pelo álcool no corpo.

Pesquisas em animais mostram que o CBD oferece proteção contra danos no fígado e no sistema nervoso.

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