Nasdaq terá sua primeira ação de cannabis, da Cronos Group
NOVA YORK – A bolsa de valores Nasdaq listará suas primeiras ações de cannabis nesta terça-feira (27), um marco para um setor que tem sido rejeitado pelo governo Trump.
A Cronos Group, que já é negociada no Canadá, será a primeira empresa de maconha em uma grande bolsa dos EUA – ao lado de outras ações da Nasdaq, como a Apple, a Microsoft e a Starbucks.
A listagem poderia ajudar a expandir a chamada “febre da maconha”. Os investidores dos Estados Unidos que estavam incômodos ou impedidos de colocar fundos no exterior ou em ações do mercado de balcão agora têm uma opção convencional que foi aprovada pela SEC (a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA).
“É muito significativo para a empresa e para todo o setor”, disse Mike Gorenstein, fundador e CEO da Cronos, em entrevista. “É um momento importante, que mostra que o estigma da maconha continua diminuindo.”
A medida coincide com uma expansão do setor da maconha em todo o mundo. O Uruguai legalizou a cannabis federalmente para todos os adultos, e o Canadá deverá seguir esse exemplo no final deste ano. A Alemanha está entre os cerca de 30 países que permitem a venda da planta com fins medicinais.
Nos EUA, nove estados e Washington, o distrito federal, legalizaram o uso recreativo e 29 estados permitiram o uso medicinal. Sozinho, o mercado americano chegará a US$ 50 bilhões até 2026, em contraste com US$ 6 bilhões em 2016, de acordo com o banco de investimentos Cowen & Co.
A Cronos está aproveitando a oportunidade internacional. A empresa com sede em Toronto produz e vende maconha medicinal no Canadá. Também envia seus produtos para a Alemanha, onde são distribuídos pela G. Pohl-Boskamp.
Listagem nos EUA
Para a Cronos, a listagem nos EUA poderia abrir as portas para um capital significativo. Ela também vai esclarecer a confusão em torno da legalidade do investimento, disse Gorenstein. Cerca de uma de cada três conversas que ele teve com investidores americanos foi sobre se eles poderiam investir legalmente na entidade canadense.
“Muitos investidores dos EUA ainda não têm certeza sobre a legalidade: não há muita conscientização sobre a legalização federal no Canadá em contraste com os EUA”, disse ele. “A listagem na Nasdaq abrirá o leque de oportunidades para muitos investidores dos EUA que se sentiam inseguros, inclusive no nível institucional.”
Incertezas
A confusão é justificada. A cannabis continua sendo ilegal segundo a legislação federal dos EUA. O procurador-geral do país, Jeff Sessions, rescindiu, em janeiro, as proteções da era Obama que permitiram que setores com legalização estadual prosperassem.
Ainda assim, essa ilegalidade não impede que investidores dos EUA coloquem dinheiro em empresas estrangeiras que operam legalmente em seus respectivos países, disse o CEO da Cronos.
“Espero que a listagem sirva como um catalisador e que seja útil para as empresas dos EUA também, em termos de acabar com o estigma”, afirmou Gorenstein. “Porque queremos que o setor como um todo avance.”